A alimentação como arma para a prevenção da demência

Santa Casa da Misericórdia de Riba de Ave / 19 set 2018

A alimentação como arma para a prevenção da demência

Demência é uma patologia que pode ser definida como uma deterioração adquirida das capacidades cognitivas e que compromete a performance das atividades de vida diária, sendo a doença de Alzheimer a forma mais comum de demência.

A prevalência mundial de demência é de cerca 47 milhões de pessoas, número que deverá triplicar até 2050! Os dados mais recentes sobre a prevalência no nosso país estimam que haja 182 mil pessoas com demência, das quais 130 mil com doença de Alzheimer. 

Infelizmente, não existe ainda nenhuma intervenção médica que possa prevenir esta doença. Contudo, foram já identificados vários fatores de risco associados ao seu desenvolvimento, nomeadamente a base genética, a idade, o sexo e hereditariedade, bem como os de cariz ambiental, a atividade física e a alimentação.

Se sobre os primeiros não podemos exercer qualquer tipo de influência, o mesmo não acontece com os fatores de cariz ambiental, atividade física e alimentação, abrindo-nos uma porta para um futuro mais animador do que os números atuais nos mostram.

 

Cada três casos de demência pode ser prevenido através de estilo de vida saudáveis, nomeadamente através da prática de atividade física regular e de hábitos alimentares saudáveis.

 

Um estudo recente, publicado na revista científica “Lancet”, afirma que um em cada três casos de demência pode ser prevenido através de estilo de vida saudáveis, nomeadamente através da prática de atividade física regular e de hábitos alimentares saudáveis.

 

Maior ingestão de peixe, especialmente de peixes gordos, produtos hortícolas e fruta. 

 

De que forma poderemos então adotar uma alimentação preventiva? Vários estudos têm sido conduzidos nesse sentido, apontando a sua maioria para o efeito benéfico de uma maior ingestão de peixe, especialmente de peixes gordos, produtos hortícolas e fruta. A ingestão de bebidas com cafeína (café e chá), em quantidade não superior à recomendada (cerca de 3 cafés por dia), parece também ter um efeito protetor contra o declínio cognitivo característico da demência.

 

A Dieta Mediterrânea é o único padrão alimentar cuja evidência científica demonstra um efeito benéfico na prevenção da doença de Alzheimer.

 

Se analisarmos o padrão alimentar, em vez de olharmos para os alimentos individualmente, conseguimos perceber as semelhanças das recomendações descritas acima com a Dieta Mediterrânea, padrão alimentar que se caracteriza pelo consumo diário de fruta e de hortícolas e pelo aumento do consumo semanal de peixe, em detrimento das carnes vermelhas, sem esquecer a importância das frutas oleaginosas, das leguminosas e do azeite. Por este motivo, a Dieta Mediterrânea é o único padrão alimentar cuja evidência científica demonstra um efeito benéfico na prevenção da doença de Alzheimer.

Além dos hábitos alimentares, deve-se salientar também o efeito modelador que o estado nutricional desempenha, associando-se a malnutrição, quer por excesso, quer por baixo peso, a um maior risco de demência.

Há ainda muito trabalho por desenvolver, quer na prevenção, quer no tratamento desta síndrome que afeta já 1,7% da população portuguesa. No entanto, o que a evidência científica nos mostra é já o suficiente para que cada um de nós tenha algum poder sobre a sua saúde.

A prevenção é sempre o melhor caminho a tomar para que no futuro não tenhamos de remediar.

 

 

Artigo de Opinião de Ana Costa, Nutricionista da Santa Casa da Misericórdia de Riba de Ave